quarta-feira, 30 de outubro de 2002

Foto da semana


Em tempos não muito distantes, havia neste "blogger" uma foto engraçada por semana. Depois, os visitantes foram de férias, houve o 11 de Setembro...
Enfim, esta pérola da Lingua Portuguesa merece uma espreitadela.

terça-feira, 29 de outubro de 2002

download do dicionário interactivo

Dicionário


Excelente ferramenta: dicionário on-line Português/Tétum e Tétum/Português, da autoria de Carlos Guerreiro, disponível no site http://linguastimor.planetaclix.pt/inicio.htm.
Já pedi autorização para publicar este dicionário interactivo no Sítio de Timor mas, entretanto, já o pode utilizar se fizer "download" com um click AQUI, ou no búzio lá em cima.

segunda-feira, 28 de outubro de 2002




eu conheço-te!

(enviado por Deolinda Peralta)

sábado, 26 de outubro de 2002





(enviado por V.P.)

quarta-feira, 23 de outubro de 2002

Grupo Lorosae - Agenda



Ferramentas para todos os que se interessam por Timor

O grupo/lista Lorosae vai avançando.
Já em funcionamento a Agenda, onde os participantes podem consultar os eventos relacionados com Timor. Podem também (e devem) acrescentar aquilo que lhes parecer de interesse geral: exposições, encontros, conferências, cursos, seminários, etc.
Outras "secções" e funcionalidades do grupo são:
  • "newsletter" com actualizações do Sítio de Timor

  • mensagens/avisos/circulares de e para todos os membros

  • "chatroom" própria do grupo

  • inserção de documentos, fotografias e "links" pessoais (até 3 Mb)

  • criação de álbuns fotográficos, em MSNPhotos.com.br (até 30 Mb)

  • convidar outras pessoas a participar

  • personalizar o próprio perfil de participante

  • acesso remissivo e por pesquisa a links de sites, álbuns e outros "webgroups"


Para se inscrever, click AQUI (http://groups.msn.com/Lorosae).


terça-feira, 22 de outubro de 2002

 

EXPOLINGUA PORTUGAL
13º SALÃO PORTUGUÊS DE LÍNGUAS E CULTURAS
CONVIDADO DE HONRA: A LÍNGUA ÁRABE
LISBOA, FORUM TELECOM, 24-26 OUTUBRO DE 2002, 10h às 19h

 
Irá realizar-se de 24 a 26 de Outubro, no Forum Telecom, em Lisboa, a Expolingua Portugal - 13º Salão Português de Línguas e Culturas.
Este evento dedicado à divulgação do ensino e aprendizagem de línguas, à formação e educação, engloba um Salão, com expositores em stands, e um Programa Cultural com vários workshops, palestras e manifestações culturais dedicadas ao mundo das línguas.
Tanto a assistência às sessões do Programa Cultural como a entrada no Salão são livres.
Alguns destaques:

Sessão Inaugural - Apresentação da Expolingua Portugal e da Língua Convidada
Dia 24 de Outubro, Auditório 1, 10h
A Presença Árabe em Portugal
Profª Doutora Mª José Ferro Tavares - Reitora Univ. Aberta
Dia 25 de Outubro, Sala B2, 16h
"A Europa face às Migrações" - Encontros Literários
Moderadora: Drª Clara Ferreira Alves - Casa Fernando Pessoa
Dia 25 de Outubro, Auditório 1, 18h 30m
Mirandês: uma Língua e uma Cultura Portuguesas
Dr. Amadeu Ferreira - Presidente da Associação de Lhéngua Mirandesa
Dia 25 de Outubro, Sala B2, 18h
Entrega do Grande Prémio de Tradução Literária
da Ass. Portuguesa de Tradutores e PEN Clube Português
Dia 26 de Outubro, Auditório 1, 18h 30m
Colóquio “Língua, Educação e Identidade”
Coordenador/Moderador: Andreas Staab (European Policy Information
Centre)
Moderador: Dr. Nuno Rogeiro (Professor Universitário)
Dia 26 de Outubro, Auditório 1, 10h
"Fernando Pessoa a duas vozes: em Português
e na respectiva tradução em Neerlandês"
Lut Caenen/Filipe Ferrer (actor e autor) - Embaixada Real dos Países Baixos
Dia 24 de Outubro, Sala B2, 17h
Pode consultar o Programa Cultural completo, o programa "A Europa face às Migrações" e a lista de expositores em www.expolingua.pt
 
Atentamente,
 
A Organização
Expolingua Portugal
Rua da Esperança, 4 - 2º
1200-657 Lisboa
Portugal
Tel: 21-396 60 89
Fax: 21-396 62 23
Email: info@expolingua.pt

segunda-feira, 21 de outubro de 2002

Rebeldia juvenil tem causa



Chegam à puberdade e entram numa espécie de descontrolo, difícil de controlar e perceber: tornam-se arrogantes, impulsivos, instáveis. Pode haver excepções, mas o período da adolescência é quase sempre o mais angustiante para os pais e para os próprios jovens.

Neurologistas da Universidade Estadual de San Diego afirmam que a rebeldia típica da juventude se deve a um aumento da actividade nervosa do cérebro. Facto que dificulta o processamento adequado das emoções, inibindo a capacidade de compreensão das situações sociais.

Conhecer a origens do fenómeno é a parte boa da notícia. A má é saber que estas alterações duram entre os 11 e os 18 anos.





Robert McGivern e a sua equipa verificaram que, quando as crianças entram na puberdade, diminui a capacidade de reconhecerem rapidamente a emoção dos outros.



O estudo, publicado na New Scientist, recorre também aos resultados de outras pesquisas que detectaram que a interacção dos nervos, sobretudo no córtex pré-frontal, aumenta na puberdade.

A equipa de McGivern testou a capacidade de jovens entre os 10 e os 22 anos de julgarem emoções expressas em imagens e palavras. Verificaram que ela se alterava com a idade. Ou seja, pelos 11 anos a velocidade com que identificavam emoções, como a tristeza ou a felicidade, desceu 20%. Percentagem que só foi recuperada por volta dos 18 anos. Resultado: «os jovens vivem situações emocionais mais confusas, adoptando comportamentos petulantes e instáveis», sintetiza McGivern.

DN, 20.10.02


foto de elnorte.com






sábado, 19 de outubro de 2002

Hau la hatene


Macacos me mordam. Sua Eminência o Bispo D. Ximenes Belo está em Portugal. A Agência Lusa dá notícia do evento.
No Telejornal da RTP1, Sua Eminência disse que "os problemas não se resolvem nos gabinetes"; referia-se aos políticos timorenses, sendo que, na sua opinião, estes passam demasiado tempo nos ditos, em vez de andarem no terreno e de verem com os próprios olhos a realidade do "povo"; D. Ximenes costuma dizer "povinho".
O que não entendo, repito, é o que trará o novíssimo néctar "Ximenes Belo" ao putativo e presumivelmente almejado bem-estar desse mesmo povinho. Diz a local:
Para contribuir para essa causa, a Adega Cooperativa de Lamego decidiu lançar o vinho de marca D. Ximenes Belo, numa edição especial de mil garrafas de vinho do Porto de dez anos e cinco mil de vinho tinto reserva e de vinho branco.
Macacos me mordam. Peço desculpa se me estou repetindo.
O presidente da adega, José Manuel Santos, disse à Agência Lusa que as garrafas poderão ser adquiridas no hipermercado E. Leclerc, de Lamego, numa pensão de Ferreirim e na própria adega, revertendo mais de 50 por cento do lucro para Timor.
Definitivamente, não entendo. Devo ter alguma coisa esclerosada entre as orelhas. 50 por centro... "do lucro"? Ora, portanto, bem, vejamos: lucro é a diferença entre receitas e despesas. Como e quando se apura o "lucro" de um vinho? Quando acabarem os tais dez anos? Quando a "reserva" se esgotar, a branca e a "tinta"? Ou ele é já, distribuem-se as garrafitas, apuram-se os resultados e toma lá 50%?
Bem sei que o vinho até é coisa bíblica, e etc. e tal. Mas branco e tinto, e reserva, e do Porto? Olhe, traga-me um Ximenes Belo branco Reserva 2002, fáxavor?
Macacos me mordam se entendo o que tem isto a ver com o povinho timorense.
Tchim-tchim ao ridículo.






Empresários, políticos e amigos de Lamego ajudam o novo país (Agência Lusa)
Governantes voam muito e esquecem as populações - D. Ximenes Belo (Agência Lusa)
Vinho D. Ximenes (DN)*
Bispo de Díli pede ajuda a Portugal (DN)*
fotografia de Diário de Notícias/Agência Reuters
(* - disponíveis enquanto estiverem on-line no site do DN)

Notas de rodapé
- O sr. Bispo diz: «Pode ser que, com a vossa ajuda, em vez de uma folha de palmeira, possamos ter uma folha de zinco para proteger as crianças contra a chuva e contra o frio.»
Zinco, sr. Bispo? ZINCO???
- «Não exijo que volte daqui com o bolso cheio de verbas».
Ora ainda bem que não exige.
- Um dos seus sonhos é abrir um asilo, porque «os velhos são as pessoas mais abandonadas de Timor».
Pelo pouco que vi em Timor, uma das instituições mais espantosas da Cultura timorense é a veneração pela velhice, o respeito pelos mais velhos (katuas). Digo eu.
Há de facto aqui muita coisa que hau la hatene. Lacuna minha, por certo.

sexta-feira, 18 de outubro de 2002

Alkatiri e Ruak em Lisboa, hoje


Chega hoje a Lisboa o Primeiro-Ministro de Timor-Leste, Mari Alkatiri, acompanhado pelo brigadeiro Taur Matan Ruak e outros membros do Governo.
Na agenda, reunião com militantes da Fretilin em Portugal, a realizar no próximo Domingo 20.

(informação de Anabela Alves, via HC do site)
Notícia DN 21.10.02 *


quinta-feira, 17 de outubro de 2002



A Fundação Mário Soares leva a efeito exposição "Timor-Leste". É uma ideia para o seu próximo fim-de-semana, até porque, na porta ao lado, tem o "atelier" da APLS, onde pode ver (e comprar, se quiser) artesanato timorense.
A FMS fica em frente à Assembléia da República. Em Lisboa, claro.

Endereço postal:
Rua de S. Bento, 176
1200-821 Lisboa
Portugal
Telefones:
(+ 351) 21 396 41 79 / (+ 351) 21 396 41 85
Fax:
(+ 351) 21 396 4156
Emails:
Dr. Mário Soares: msoares@fmsoares.pt
Geral: fms@fmsoares.pt
Arquivo, Biblioteca e Internet: arquivo@fmsoares.pt
Internet: http://www.fmsoares.pt


Esta exposição tem por lema a nossa vitória é apenas questão de tempo - memória da resistência do povo de Timor-Leste, é principalmente fotográfica e documental, ainda não foi oficialmente inaugurada mas já pode ser visitada. Aliás, há mais motivos de interesse para visitar a FMS, nomeadamente a possibilidade de utilizar gratuitamente o acesso à Internet.

Fotos de Henrique Braga


Henrique Braga publicou um álbum de fotografias muito completo (95). Tiradas em Timor durante a(s) sua(s) última(s) expedição(ões), complementam os outros álbuns já publicados, com material dos anos 50/60/70 (e mesmo anteriores), a colecção de selos do tempo colonial, postais e fotos antigas.
(no caso das colecções de selos, postais e fotos antigas, se lhe for pedido, o username é hbraga e a password é loriko)

quarta-feira, 16 de outubro de 2002




Grupo Lorosae


Ao princípio, confesso, a intenção era apenas provar e comprovar a vacuidade, a dispersão, a "demasiada" variedade e o desperdício de esforços que representa a incrível profusão de "newsgroups" (grupos de discussão) sobre Timor. Para criar mais uma capelinha, basta abrir o espaço e escrever aos amigos dizendo qualquer coisa como "eh, pessoal, já tenho meu próprio grupo, inscrevam-se, tchauzinho". E era (e é) vê-los, um grupinho em cada esquina virtual, brasileiros com brasileiros, portugueses com portugueses, uma coisa levada ao extremo, quase bairro a bairro, rua a rua, em competição pelo maior número de mensagens ou pela maior sonoridade dos nomes inscritos; o resultado prático disto é, simplesmente, ridículo: para estar "a par", é necessário correr as capelinhas todas e ler, em cada uma delas, sempre as mesmas coisas. Redundante, é o mínimo que se pode dizer.

Com o tempo, e depois de me aperceber das potencialidades das ferramentas MSN - as quais praticamente ninguém utiliza, nesses tais grupinhos - este novo grupo de um só elemento (!) acabou por se transformar em algo de útil, espero: permite, além de rectaguarda e de alternativa técnica do Sítio de Timor, facultar ferramentas de trabalho a todos aqueles que se interessam pela questão timorense. Mesmo os acessos aos tais grupos, não a todos os mais de 50, mas à maior parte deles, pode ser feito a partir dali; os inscritos em Lorosae poderão consultar agenda de eventos, receber "newsletter" automática sobre novidades no Sítio de Timor, enviar circulares aos outros membros, conversar na "chatroom", ter acesso remissivo a álbuns fotográficos e documentos, aceder aos próprios serviços da MSN, e mais umas quantas utilidades que se desenvolverão com tempo e trabalho.

Para se inscrever na lista, click AQUI.


domingo, 13 de outubro de 2002

Se pudesse resignava hoje mesmo!


JOÃO PEDRO FONSECA (DN, 09.10.02)



Que balanço faz dos cinco meses de Timor independente?

O balanço que faço não é material. Tem havido um grande esforço, embora lento, de pôr as instituições a funcionar. O Governo e os seus departamentos têm tentado tudo por tudo.

Disse que a independência não é fácil, que implica dúvidas. Quais?
Em muitos planos. A primeira é sobre nós mesmos como seres humanos. É fácil fazer discursos políticos. É fácil dizer que estamos comprometidos a fazer isto, ou aquilo, a servir... Há um sacrifício que não se mede. No passado podia morrer-se. No passado era tudo uma obrigação. Um dever. Hoje há outra obrigação. Não podemos abstrair-nos de que há a obrigação de reconstruir uma vida. E depois vêm as ambições, o egoísmo, o conforto, toda uma série de desafios que podem dificultar, desvirtuar o trabalho que cada um tenta prestar...

Defendeu que Timor vai tentar não cometer erros de outros países. Às vezes o poder esquece-se do povo...

É verdade. devo dizer que na cimeira da ACP em Fiji notei uma coisa interessante. Nunca pensei que a diversidade de regimes líderes do Terceiro Mundo usassem uma linguagem comum. Os governantes estão a procurar mudanças. Podemos compartilhar valores universais. Vi com satisfação que alguns governantes queriam dar-me conselhos: «Tenham uma boa governação, sejam transparentes, dêem valor aos direitos humanos, façam florescer a sociedade civil, combatam a corrupção...» e eu, perguntava, de onde são, e afinal eram de países onde todos os males acontecem. Interessante que partilhamos uma linguagem, valorizamos os mesmos princípios. É um alerta permanente para nós. Países que se tornaram independentes há 40 anos onde não se produziu muito, se criou uma elite intelectual e economicamente faustosa e o povo continua a sofrer. Queremos recordar todos os dias que a ambição pode cegar, que o egoísmo pode aparecer e fazer esquecer compromissos políticos ou idealismos...

Lembro-me que Xanana na sua campanha às presidenciais prometeu que iria sempre lembrar aos governantes que o povo tem aspirações...

Estou a tentar. Procuro cumprir a minha promessa. Dar uma direcção ao povo, dizer-lhes que a nossa Constituição está feita, que o povo tem o direito de participar, de exigir mudanças.

Diria que os políticos se sentem frustrados por não conseguirem cumprir os anseios do povo?

Não posso responder. Há uma sensação de que precisamos de tempo. Pedimos paciência ao povo, mas isso não significa que se tenha de fechar a boca ao povo. Vamos continuando a tentar influenciar a opinião pública a responder melhor às suas responsabilidades. É importante que o povo possa ter uma voz e desde o início possamos corrigir os erros.

Desde há muito que diz que não gostava de ser Presidente. Agora que está no cargo há cinco meses sente-se realizado, ou ainda insiste que gostava de voltar à agricultura, tirar fotografias e escrever poesia...

Se pudesse resignava hoje mesmo! Continuo a dizer ao povo que fui obrigado a ser Presidente, fui escolhido por eles mas não quero ser Presidente. Mas podem contar comigo na defesa dos seus interesses.
UNTAET deveria ter preparado os timorenses mas não o fez

Tem havido agitação social?

Há muitas esperanças, anseios, mas nada de grave.

Faltam ainda necessidades básicas, falta o emprego, a população compreende isso, ou anda revoltada?
Tem compreendido. Temos feito um grande esforço. Os dois anos da UNTAET foram fundamentais para os timorenses entenderem as dificuldades do processo. Leva o seu tempo, é preciso compreensão.

Timor ainda continua a precisar de ajuda externa. Que ajuda?

Precisa e tem. Quando falamos de ajuda referimo-nos a apoio em termos de assistência, meios humanos. A UNTAET deveria ter sido um período de preparação dos timorenses, mas não foi exactamente isso. Foram dois anos e meio dedicados a manter a segurança e a preencher um vácuo na administração. Só agora é que os timorenses tiveram a oportunidade de mostrar as suas capacidades em termos de poderem tomar decisões e poderem errar.

O julgamento em Jacarta que absolveu seis militares indonésios e condenou com pena leve Abílio Osório Soares, prejudicou as relações institucionais com Jacarta?

Não prejudicou. Nós manifestámos o nosso descontentamento com a comunidade internacional. Eu não diria que a pena a Abílio Osório foi demasiado leve. Critiquei porque nós convivemos com a Indonésia e sabemos como funciona o sistema. Os civis não mandam, os militares é que decidem. Nas províncias os militares mandavam mais que os governadores e ainda por cima nos acordos de 5 de Maio a Indonésia compremeteu-se a responsabilizar-se pela segurança. Não concordo com uma sentença que só condena um civil.

Deixou essa questão ao nível dos tribunais. Não assumiu essa sentença como um problema político com a Indonésia?

Não foram afectadas as relações. Mantemos o respeito mútuo de não interferência nos assuntos internos. E esta é uma questão da comunidade internacional da credibilidade da justiça indonésia.

O mais recente conflito de Timor foi com a Austrália. Na definição de fronteiras marítimas. O petróleo continua a ser um problema para Timor, uma fonte de outros conflitos?

Não quero imaginar isso. Acontece que há divergências em relação às fronteiras. Nós não exigimos muito, nem mais um milímetro do que o Direito Internacional nos confere. É nesse sentido que vamos exigir os nossos direitos. Mas como bons vizinhos que somos não podemos evitar certas divergências, em questões económicas. Acreditamos que diferenças existem, mas a solução estará sempre na compreensão e respeito mútuo.

Alertou a comunidade timorense em Portugal para a necessidade de técnicos no território. Como consegue convencê-los a voltar?

Não chamamos todos os timorenses de volta. Até porque não temos condições para os receber, emprego, habitação, condições. O meu apelo é aos técnicos. Aos profissionais que fazem falta agora, na construção. Conhecemos médicos, muitos técnicos que estão bem aqui e não estão motivados a voltar. Devem ter consciência que agora é mais necessário dar que receber. Mais importante servir do que ser servido. Mais um sacrifício...

terça-feira, 8 de outubro de 2002

Ver





Sent: Tuesday, October 08, 2002 4:01 PM

Subject: iniciativa



Caro Senhor,


No Sítio de Timor existe uma página de iniciativas. O seu apelo poderá constar dessa página (aliás, de imediato publicarei no "blogger" e na página de correspondência do site a mensagem recebida através de Anabela Alves), desde que alguém se comprometa a enviar, periodicamente, uma lista dos donativos recebidos e, posteriormente, digitalizações dos documentos de despesa respeitantes à intervenção cirúrgica e outros actos médicos necessários. Além disto, e por motivos óbvios, seria também necessário que o site fosse avisado quando se atingir a verba necessária, ou quando a iniciativa deixar de fazer sentido.


Estas precauções e lisura de processos justificam-se, para além do cuidado normal que deve motivar a frequente ocorrência de acções fraudulentas, pela experiência do próprio site: algumas iniciativas e apelos não passam, infelizmente, de brincadeiras (de inqualificável mau-gosto, para dizer o mínimo) ou de pura extorsão por parte de indivíduos sem quaisquer escrúpulos.


Nesta conformidade e nestes pressupostos, o Sítio está ao dispor, na esperança de que se consiga resolver a contento o problema da pessoa em causa.


Cumprimentos.

João Pedro Graça




A mensagem recebida foi a seguinte:


From: Alberto Cruz alberto.cruz@netvisao.pt
To: Undisclosed-Recipient:
Sent: Saturday, October 05, 2002 9:24 PM
Subject: Fw: Um acto concreto de solidariedade

Subject: UM ACTO CONCRETO DE SOLIDARIEDADE
INVESTIR NUNS OLHOS

Companheir@s e Amig@s,
Escrevemos a título pessoal para vos convidar para, connosco, resolvermos um problema concreto de que tivemos conhecimento directo.
Estivemos em Timor-Leste, a título privado, em Maio/Junho deste ano, convidados pelo Xanana e pelo comandante Taur Matan Ruak a assistir à festa da Independência. Foi para nós uma experiência humana extraordinária.
O comandante Ruak e a mulher, Isabel, levaram-nos um dia de passeio por uma região do país, e levaram com eles um jovem amigo (16/17 anos) que evava uma viola. Levamos comida e almoçamos numa praia. Aí o jovem começou a tocar e cantar, e só então reparamos que ele era cego.
Perguntamos se o rapaz era cego de nascença, e o Ruak disse que não: quando ele era pequenino, durante a ocupação indonésia, alguém deu aos pais eles um pó de sulfamidas para lhe curar uma forte conjuntivite que tinha nos olhos. Mas os pais, gente muito pobre e perdida no meio do inferno, pensaram que era para aplicar nos olhos, e, em vez de lhe darem o remédio pela boca, aplicaram o pó directamente na vista. O menino cegou. E cego ficou.
Impressionados com a história perguntamos ao comandante Ruak se a cegueira dele era operável. E é. Pedimos-lhe que se informasse e nos dissesse quanto dinheiro é preciso para devolver a vista ao jovem músico. Ele acaba de me escrever para me informar que vão ser precisos cerca de 10.000 dólares, cerca de 10.000 euros, 2.000 contos (duas idas/estadias Dili-Darwin e Dili-Sidney, incluindo um acompanhante, mais os gastos da operação e do hospital.
Vamos tentar conseguir ? O Ruak vem a Portugal de 21 a 25 de Outubro, acompanhar a viagem do primeiro-ministro Mari Alkatiri. É o bom momento para lhe entregar o dinheiro...
Isto não resolve os problemas do mundo, nem sequer os de Timor-Leste. Mas é um gesto concreto. Se vos perguntarem por esse dinheiro, respondam:"investi-o
nuns olhos em Timor-Leste".
Propomo-vos portanto, caso concordem e possam, que façam os vossos depósitos numa conta que está actualmente a zero, que é a seguinte:

Barclays Bank - balcão Lumiar/Lisboa
titular: José Mário Monteiro Guedes Branco
NIB: 0032 0114 0020 0513 15506
repito o NIB (com outra digitação): 003 201 140 020 051 315 506

E não se esqueçam de me enviar e-mail a dizer quanto e quando depositaram, para eu controlar e para fazer a lista dos intervenientes (para o rapaz saber quem foi).
E passem esta mensagem aos vossos amigos e familiares.

Manuela de Freitas e José Mário Branco.
mailto : josemariobranco@netcabo.pt


segunda-feira, 7 de outubro de 2002

Viva eu




«Precisamos de novos heróis em Timor-Leste»

Xanana apelou à «sua» comunidade timorense para apostar mais na formação tecnológica

Estava tudo a postos para o grande momento. Depois, os batuques soaram. As danças rituais começaram. E Xanana Gusmão entrou triunfalmente na Faculdade de Psicologia de Lisboa, onde a comunidade timorense aguardava, ansiosa, a chegada do seu presidente, que cumpre a primeira visita oficial a Portugal.

«Todos lutámos, todos sofremos, todos gritámos durante 25 anos, sem imaginar o que seria construir a nossa independência», começou Xanana, falando de pé para a pequena multidão que ontem encheu a sala para lhe beber as palavras _ e para sentir Timor mais próximo. Para eles, continuou:

«Hoje digo-vos que a independência é um processo longo. Precisa do vosso compromisso de cidadãos. Precisada vossa vontade. Precisa de um novo espírito nacionalista e de suar bastante para não ter que continuar a depender da boa vontade dos nossos amigos.»

O mote estava lançado. A comunidade seguia (e sentia) atentamente os problemas do seu país. Xanana puxava do seu carisma para mobilizar os jovens que estudam em Portugal _ e convencê-los a «estudar com afinco» para «poderem levar o futuro» a Timor-Leste.

«Antes éramos atacados e sabíamos como enfrentar o inimigo. Mas hoje somos nós o nosso pior inimigo e temos que aprender a enfrentar-nos a nós mesmos», advertia o chefe de Estado timorense, sublinhando: «Temos tudo para construir. Somos uma comunidade radicada em Portugal, com deveres não só para com o país em que estamos, mas também para com o país a que pertencemos.»

Soluções? «Há que cuidar da justiça e educar a sociedade civil para a democracia. Sabermos trabalhar e ser humildes para conseguirmos formar bons operários. Fazer com que os jovens percebam que doutores e engenheiros pouco podem fazer por Timor nesta altura, e que por isso devem apostar na especialização em cursos profissionais e tecnológicos.»

O convite a «prestar algo de bom à Pátria» ficou feito. Aos que sabem ler e escrever. Ao povo. Aos amigos. «Foram todos qualquer coisa de magnífico no passado. Conto convosco para responder às necessidades dos mais vulneráveis, para servirem, mais que exigirem. Precisamos de novos heróis.»
foto e artigo publicados no Diário de Notícias de 07.10.02





Xanana surpreende pelo desassombro. Não é de facto um "político", no que esse termo encerra de mais tradicional e medíocre.
Citando de memória:

Frases célebres



  • Temos demasiados estudantes vitalícios e bolseiros profissionais

  • Temos "jovens" estudantes que são jovens e estudantes toda a vida!

  • No nosso Parlamento, discute-se qual é a idade em que deve terminar a juventude; acho que devia ser aos 19. No máximo, aos 25 anos

  • Dantes o inimigo era a Indonésia, hoje o inimigo é cada um de nós. Nós somos o inimigo.

  • (apontando alguns quadros timorenses na sala, um a um)Temos de acabar com esta vergonha, vocês têm deveres para com o vosso país; é a hora de regressar e ajudar na reconstrução

  • Se o vosso país apenas vos pode oferecer 20 dólares por mês, o vosso dever é aceitar; não é pedir, e muito menos exigir, mais do que é possível

  • A Justiça é um sector fundamental em qualquer sociedade democrática; Timor precisa de Juízes. Lá, não aqui. Não é, Sr. Doutor?(apontando para um Juíz timorense que reside em Portugal)

  • Ainda estava no mato e já lia sobre a "diáspora timorense"; diáspora? DIÁSPORA??? Mas que raio quer dizer diáspora? Não sabia o significado da palavra; pensei que era alguma organização mafiosa

  • Nós somos uma comunidade num país estrangeiro, não uma organização mafiosa

  • Dantes era "Viva Timor-Leste", hoje é "viva eu"


No período de perguntas e respostas, um "jovem estudante" timorense, de chapéu na cabeça, protestou: bem tentaram, ele e outros, ir para algum país europeu mais evoluído. "Em último recurso, acabamos por vir parar a Portugal". Entre risota geral, ainda pediu desculpa pelo seu mau Português: "eu não tenho medo de falar mal Português, nem tenho orgulho nenhum em falar bom Português". Não entendi lá muito bem, mas deve ser lacuna minha.
Pelos vistos, este jovem estudante há-de ter alguma razão: Portugal não conseguiu sequer transmitir-lhe um mínimo de educação. Xanana é que não se sentiu nada desrespeitado com o chapéu na cabeça, nem com os insultos ao país que o acolheu, e respondeu tintim-por-tintim às questões do jovem, qualquer coisa sobre "qualidade", "emigração", "quadros".
Como estava um calor insuportável na sala, tive de sair. Por isso, já não assisti a mais.
Saúde e longa vida, Presidente!


fotografia de Anabela Alves

sexta-feira, 4 de outubro de 2002


Ficheiros secretos, e-xfiles



Logo que possível, vou escrever código em todas as páginas de correspondência, de forma a impedir a leitura e indexação automáticas dos endereços de e-mail. Só ainda não o fiz por manifesta falta de tempo.
Ok, rapaziada, hem? Tenham lá mais um bocadinho de paciência, tá? Eu sei que isto é grave, que horror, mas enfim. A propósito dos visitantes e remetentes que estão muito preocupados por os seus endereços de e-mail aparecerem no Sítio de Timor, vá-se lá saber porquê, bálhamedeus, ele há coisas mais estranhas, primeiro eram as toalhinhas nas janelas e os lenços a acenar, ai-ai, tenho uma lágrima no canto do olho, yô, agora tirem lá o meu nome, apaguem o meu endereço, bolas, caramba, mas que é isto, ó pra mim aqui neste saite da treta, chamem a polícia. E, no entanto, porém, contudo.

Digo eu

***** Não é por os endereços aparecerem ou não que as pessoas recebem mais ou menos "junk mail"; pelo menos, de forma relevante; é também e principalmente por não terem filtros de recepção (message rules) e por se não darem ao trabalho de anulação automática nos remetentes. Além disto, existem outras formas de captação automática de endereços; sem message rules, ninguém está livre de "junk mail"; e nem assim completamente.

***** Continuo a achar um exagero todo este "cuidado" e preocupação com assunto tão insignificante. Não se pode comparar a "tremenda trabalheira" que dá apagar mensagens indesejadas (carregar no botão "Del") com o trabalho "corte e costura" de transcrever as mensagens dos visitantes, eliminando elementos de identificação, em código html, e ainda por cima com excepções individuais e regras a pedido.

***** Os visitantes que escrevem para o Sítio de Timor também o fazem, provavelmente, para dezenas ou centenas de outros endereços, nunca utilizando qualquer espécie de encriptação; por conseguinte, os seus endereços electrónicos podem sempre ser captados, de diversas formas. A alternativa ao "sacrifício" de virem a receber correio indesejado, por terem o seu endereço publicado, é acabar com as páginas de correspondência. Como estas são absolutamente fundamentais, isso equivaleria a acabar com o próprio site.

***** Se uma mensagem dirigida ao site contiver a menção de "pessoal", ou "particular", ou se, de alguma forma, manifestar a intenção de não-publicação (conforme está claramente expresso à cabeça de todas as páginas de correspondência), essa mensagem não será obviamente publicada. Solicitar "apagamentos" a posteriori é que me parece já um pouco abusivo, descabido e desnecessário - até porque entretanto já os programas "spider" dos motores de busca indexaram os respectivos endereço e conteúdo.

***** A internet é muito menos segura do que a maioria das pessoas imagina. A simples aceitação de cookies, a não existência de qualquer tipo de firewall ou a leviandade e desconhecimento técnicos, evidentes e inerentes a qualquer utilizador comum, tornam qualquer tentativa de restrição pessoal e pontual - como aquelas que recentemente surgiram no site - em algo de ridículo, e sem qualquer resultado prático.

***** http://timor.no.sapo.pt não é um site institucional. Não está por isso obrigado a (nem tem meios para) produzir grandes sistemas de segurança, "privacy policy systems". Evidentemente, ninguém é obrigado a entrar no site, a identificar-se ou a enviar mensagens; dado o carácter do site, o anonimato apenas é aceitável em casos muito excepcionais; caso contrário, melhor seria fazer tábua-rasa de coisas como idoneidade, responsabilidade, curialidade, educação e civismo. Dito de outra forma, a haver anonimatos, então que fossem a regra e não a excepção; e isso seria a Lei do Vale-Tudo. Não aceitar anonimato é um critério, desde o início.

***** Teorias da conspiração à parte, não confundamos agora duas ou três parvoíces de outros tantos visitantes, porque suponho que até eles têm uma vida, com todos os outros milhares. Mas não deixa de ser significativo: o que era antes e o que é agora; as modas que passam; os incríveis, e agora comummente aceites como valores, comodismo, laxismo, egoísmo e consumismo que estas pessoas demonstram com tal "exigência". Pessoalmente, não me interessam os nomes e os endereços para nada. As listas para "junk-mail", não sou eu quem as faz.

***** Por fim: deixa de haver qualquer motivo para "receios" quando a esmagadora maioria dos endereços de-mail é de fornecedores como a www.yahoo.com, a www.mail.com, a www.mail.pt ou qualquer uma das outras centenas de possibilidades. Não havendo POP3, a identificação é apenas a que o utilizador quiser.

quinta-feira, 3 de outubro de 2002




Subject: FW: WHAT I AM THANKFUL FOR ......



THE PARTNER WHO HOGS THE COVERS EVERY NIGHT,
BECAUSE HE IS NOT OUT WITH SOMEONE ELSE.

THE CHILD WHO IS NOT CLEANING HIS ROOM, BUT IS WATCHING TV,
BECAUSE THAT MEANS HE IS AT HOME AND NOT ON THE STREETS.

FOR THE TAXES THAT I PAY,
BECAUSE IT MEANS THAT I AM EMPLOYED.

FOR THE MESS TO CLEAN AFTER A PARTY,
BECAUSE IT MEANS THAT I HAVE BEEN SURROUNDED BY FRIENDS.

FOR THE CLOTHES THAT FIT A LITTLE TOO SNUG,
BECAUSE IT MEANS I HAVE ENOUGH TO EAT.

FOR MY SHADOW THAT WATCHES ME WORK,
BECAUSE IT MEANS I AM IN THE SUNSHINE.

FOR A LAWN THAT NEEDS MOWING, WINDOWS THAT NEED CLEANING, AND GUTTERS THAT NEED FIXING,
BECAUSE IT MEANS I HAVE A HOME.

FOR ALL THE COMPLAINTS I HEAR ABOUT THE GOVERNMENT,
BECAUSE IT MEANS THAT WE HAVE FREEDOM OF SPEECH.

FOR THE PARKING SPOT I FIND AT THE FAR END OF THE PARKING LOT,
BECAUSE IT MEANS I AM CAPABLE OF WALKING AND THAT I HAVE BEEN BLESSED WITH TRANSPORTATION.

FOR MY HUGE HEATING BILL,
BECAUSE IT MEANS I AM WARM.

FOR THE LADY BEHIND ME IN CHURCH THAT SINGS OFF KEY,
BECAUSE IT MEANS THAT I CAN HEAR.

FOR THE PILE OF LAUNDRY AND IRONING,
BECAUSE IT MEANS I HAVE CLOTHES TO WEAR.

FOR WEARINESS AND ACHING MUSCLES AT THE END OF THE DAY,
BECAUSE IT MEANS I HAVE BEEN CAPABLE OF WORKING HARD.

FOR THE ALARM THAT GOES OFF IN THE EARLY MORNING HOURS,
BECAUSE IT MEANS THAT I AM ALIVE.

AND FINALLY.......

FOR TOO MUCH E-MAIL,
BECAUSE IT MEANS I HAVE FRIENDS WHO ARE THINKING OF ME.

SEND THIS TO SOMEONE YOU CARE ABOUT, AND WHEN YOU THINK YOUR LIFE IS SO BAD,
READ THIS AGAIN.

quarta-feira, 2 de outubro de 2002


Portugal


O Tito(*) é Português, jovem, músico. Toca guitarra clássica e nota-se que tem talento. A bem dizer, nunca larga a guitarra, fala pouco, estuda e ensaia, ensaia e estuda, põe travessão, tira travessão, estuda, ensaia, enruga a testa quando a guitarra faz alguma coisa inesperada. O Tito(*) está quase a acabar o curso do Conservatório.
Encontrei-o há pouco, numa estação do Metro de Lisboa, com uma caixa de cartão aos pés, a tocar, a tocar, a tocar. E que bem ele toca aquela guitarra!
A caixa de cartão ali estava, envergonhada, com umas quantas moedas tímidas. Euros.
No fundo do corredor, já próximo da saída, a guitarra do Tito(*) ouvia-se ainda, orgulhosa e tremendamente portuguesa.
Confesso que, já na rua, me senti reconfortado; não sei porquê, a imagem que me ocorreu foi a dos canhões portugueses do Forte de Maubara. E as ruínas em volta.


(*)nome fictício