sexta-feira, 10 de janeiro de 2003

Fechado para balanço


1. No passado dia 4, Sábado, alguém entrou no meu computador, via Netcabo, e operou remotamente de forma a tornar-me impossível o acesso; depois de recuperados cerca de 95% da informação, fui obrigado a formatar o disco, instalar e configurar tudo de novo.
2. Provavelmente é este mesmo "hacker" quem está desde há meses enviando mensagens por e-mail para os destinatários do meu livro de endereços, fazendo constar do remetente ou timor@netcabo.pt ou joao.graca@netcabo.pt; estas mensagens contêm "vírus" e, obviamente, não são enviadas por mim. Em 27.05.02 referi aqui o assunto (ver http://lorosae.blogspot.com/2002_05_01_lorosae_archive.html#77039668).
3. Os acontecimentos de 3 e 4 de Dezembro em Timor, mais os anteriores e ainda os que se passaram há poucos dias, representaram uma tremenda machadada nos projectos de investimento estrangeiro, nos apoios por parte da comunidade internacional e, em última análise, na própria credibilidade do processo político timorense. Pessoalmente, concluo que mais vale esperar para ver.
4. O Sítio de Timor, incluindo este blogger e o grupo Lorosae (MSN), representam uma média de 4 horas diárias de trabalho (vezes 7 dias vezes 52 semanas vezes dois anos) e, recusado que foi qualquer tipo de apoio, fosse de entidades oficiais ou privadas, isso é (foi) trabalho absolutamente voluntário, por minha estrita conta e risco, da minha única, pessoal e integral responsabilidade.
5. Como qualquer outra pessoa, também eu necessito de trabalhar para sobreviver. O tempo que dediquei a estes assuntos é irrecuperável, evidentemente, mas isso já não acontecerá futuramente. Como, de resto, não me parece que tenha havido até agora qualquer espécie de reconhecimento ou apreço, por parte das entidades portuguesas e muito menos das timorenses, concluo que não terá valido a pena porque - se calhar - a coisa não tem nem qualidade nem utilidade. Dois anos são tempo mais do que suficiente para concluir o óbvio: o Sítio de Timor não cumpre os objectivos. Provavelmente terá estado sempre a mais, no ciberespaço, incomodando mais gente do que aquela que poderá ter ajudado. Não era essa a intenção, e muito me penalizo por isso. Cometi dois erros, portanto: trabalhar muito para muito pouco, a troco de nada, e persistir nisso.
6. A colaboração até aqui prestada pelo Sítio, reconhecida por alguns visitantes como sendo de verdadeiro serviço público, poder-se-á manter no essencial com os conteúdos fixos (mapas, fotos, textos, etc.) e históricos (correspondência, blogger, etc.). A julgar pela quase nula frequência de visitantes timorenses e de portugueses colocados em Timor, devo concluir que este trabalho não atingiu uma das suas finalidades principais; a julgar também por alguns comportamentos (estranhos, no mínimo) de outros, e em particular de algumas pessoas que trabalham também com ou sobre os assuntos de Timor, parece que igualmente a estes não interessará por aí além a continuidade do Sítio, pelo menos nos moldes e com o grau de dedicação e volume de trabalho que tem tido; exemplos desses comportamentos estranhos são:
- colaborarem, ressalvando as excepções já referidas, de forma espúria, escassíssima ou meramente interesseira
- o facto de quase fazerem segredo da existência deste site
- enviarem pedidos de publicação de iniciativas, por exemplo, e depois nunca mais dizerem nada, nomeadamente quando aquelas deixam de fazer sentido
- utilizarem materiais do site sem sequer o mencionarem como fonte

Sem entrar em quaisquer jogos detectivescos, em teorias da conspiração ou em paranóias de espécie alguma, parece-me óbvio que o bandalho (hacker) mencionado nos pontos 1. e 2. me seleccionou por alguma razão, não sendo difícil deduzir qual: O Sítio de Timor é politicamente incorrecto, como sabemos, o que não é admissível para uma cabecinha "democrática" e bem-pensante. Este terrorista, intelectualóide e mentecapto obedece com toda a certeza à cartilha do coitadismo militante, sendo mais um da irmandade libertária que se rege pela máxima "toda a gente é livre de pensar o que quiser desde que pense o mesmo que nós". Sinceramente, esta patacoada sempre me irritou porque penso que esta gente não pensa coisa alguma. Enfim, para que não haja confusões neste particular, devo deixar claro que apenas refiro os factos relacionados com o bandalho (hacker, já tinha dito?) como ilustração - mais uma - daquilo que é trabalhar sobre ou para a questão timorense: desgastante para mim, incomodativo para muita gente. Ora, por quem sois! Não quero incomodar, de forma alguma, ora essa, o sitezinho chateia, hem, apaga-se já, ai não posso dizer isto e aquilo, risca-se, pronto, mande sempre.

Depois destes considerandos, e por conseguinte, não tendo contas a dar a ninguém, já que todo o trabalho foi sempre meu (com uma ou outra pontualíssima e espúria excepção, repito), achei meu dever prestar alguns esclarecimentos aos visitantes e "utilizadores" do Sítio, enumerando agora as hipóteses que se me afiguram mais prováveis, no futuro imediato:
a) fechar definitivamente o Sítio
b) manter o endereço com os ficheiros fixos e os históricos, deixando de actualizar conteúdos ou introduzir novas páginas
c) suspender qualquer actividade relacionada com o site, como se costuma dizer, "até ver"
Para já, limito-me a não optar pela alínea a).
A partir de hoje o Sítio de Timor está fechado para balanço.