ASSUNTO: Professores portugueses em Timor
Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República,
Nos termos constitucionais e regimentais o requerente apresenta, e através de V. Ex.a., o seguinte REQUERIMENTO dirigido à Senhora Ministra da Educação:
A escola é o espaço privilegiado de aquisição de conhecimentos, competências e novas aprendizagens, sendo igualmente um lugar de partilha e desenvolvimento de actos de solidariedade, na perspectiva de que estes levam à aquisição de competências sociais, culturais e de cidadania democrática.
No âmbito do Programa Indicativo de Cooperação com Timor-leste, de 2002, foi dada continuidade, pelo anterior Governo, às intervenções em curso nas áreas já consideradas prioritárias pelo XIV Governo Constitucional, sendo que destas se destaca o apoio ao sistema educativo timorense, em particular a consolidação da língua portuguesa.
Contudo, e apesar do apoio internacional cerca de 80% das escolas de Timor funcionam em más condições no tocante às infra-estruturas, sendo que a maioria continua, ainda hoje, sem o adequado mobiliário e outro equipamento fundamental à prossecução da sua mais elementar tarefa: educar.
Apesar das dificuldades inerentes às condições de vida naquele país – em especial nos locais mais remotos –, um dos maiores sucessos, reconhecido por todos, nesta fase, tem consistido na colocação dos professores portugueses em escolas pré-secundárias e secundárias. Para além das funções docentes, os professores portugueses acabam por se constituir em pequenos centros dinamizadores do Português, com o objectivo de continuar a fomentar o efeito multiplicador e de cascata, formando professores, formadores, educadores e outros profissionais, participando, assim, no complexo processo de fomentar a utilização daquela que as autoridades timorenses desejam que venha a ser a futura língua oficial de Timor-Leste.
O Português é a segunda língua oficial de Timor-leste, coexistindo com o Tétum falado por 80% da população (que, ainda assim, incorpora um número significativo de vocábulos portugueses) e com outras 35 línguas nativas. O Português é falado por 5% dos timorenses, num contexto de 57% de população ainda analfabeta.
Importa investir fortemente na presença de professores portugueses em Timor.
Contudo, notícias recentes revelam que o contingente inicial de professores de Língua Portuguesa, cerca de 150 em 2000/2001, tem vindo a ser reduzido sistematicamente nos últimos anos, admitindo-se que para o ano lectivo de 2004/2005 esse número possa já ser inferior a uma centena.
Face a esta significativa redução do contingente de docentes que, em quatro anos, passa para quase metade do inicialmente acordado com o Governo timorense para a imprescindível ajuda no seu projecto da reintrodução da Língua Portuguesa, vem o signatário, através de Vossa Excelência e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, requerer à Senhora Ministra da Educação que sobre o exposto se digne transmitir ao signatário as informações que se mostrem relevantes.
Assembleia da República em 10 de Agosto de 2004
O DEPUTADO DO GP /PS,
Guilherme d’Oliveira Martins
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Isto foi publicado num dos blogs da Assembléia da República. Deve ser desconhecimento meu, mas perguntar não ofende: quase três meses depois, terá havido alguma resposta... entretanto?
A expressão "caiu em saco roto" ganha, nos assuntos relacionados com Timor em geral e com o ensino em particular, uma pujança curiosa e um rigor inesperado.
sexta-feira, 22 de outubro de 2004
![]() Excelente, completo, este novo site do turismo em Timor-Leste. A partir daqui, pode planear as suas férias em terras do sol nascente. Para escolher planos de voos, comparar preços e fazer reservas, ainda servem as (já velhinhas) ferramentas que estão no sítio de Timor. |
(a "dica" do site de turismo é do blog Casa em Construção)
às
11:49
terça-feira, 12 de outubro de 2004
(recebido por email)
Pronunciamento da Shell Oil Co.
Recentemente, após três incidentes nos quais telefones móveis inflamaram gases durante operações de enchimento de tanques de gasolina, a Shell Oil Company emitiu a seguinte advertência:
No primeiro incidente, o telefone havia sido colocado sobre a capota traseira do carro durante o abastecimento; o telefone tocou e em seguida, um incêndio destruiu o carro e a bomba de gasolina.
No segundo, uma pessoa sofreu sérias queimaduras na face quando gases se incendiaram enquanto respondia a uma chamada durante o abastecimento de combustível do seu carro.
E, no terceiro, um indivíduo teve o seu quadril e virilha queimados quando gases se incendiaram por o seu telemóvel ter tocado no bolso, enquanto estava a abastecer o carro.
É muito importante você saber que:
- Telefones móveis podem incendiar combustíveis ou gases;
- Telefones móveis, que se acendem ao serem ligados ou quando tocam, libertam força suficiente para gerar energia capaz de provocar uma faísca e iniciar um incêndio;
- Telefones móveis não devem ser utilizados em postos de gasolina, ou quando estiver abastecendo cortadores de relva, barcos, etc.
- Telefones móveis não devem ser utilizados, ou melhor, devem ser desligados, quando houver por perto outros materiais que possam gerar gases inflamáveis, ou explosivos, ou poeira gasosa (i.e. solventes, elementos químicos, gases, poeira de grãos, etc.)
Em suma, aqui vão as Quatro Regras para o Abastecimento Seguro:
1) Desligue o Motor.
2) Não Fume.
3) Não use seu telefone móvel; deixe-o dentro do veículo ou desligue-o
4) Não retorne ao seu veículo durante o abastecimento
O Senhor Bob Renkes, do Petroleum Equipment Institute, está encarregado de uma campanha que pretende informar as pessoas quanto ao risco de incêndios resultantes da "electricidade estática" em postos de gasolina. A sua empresa já investigou 150 casos deste tipo de incêndio.
Os resultados foram surpreendentes:
1) Em 150 incidentes, quase todos envolveram mulheres.
2) Quase todos os incidentes ocorreram quando alguém reentrava no seu veículo, com a mangueira da bomba ainda bombeando gasolina. Depois de concluído o abastecimento, essa pessoa retornou para retirar a mangueira e o incêndio foi iniciado por causa da electricidade estática.
3) A maioria dessas pessoas usava sapatos com solas de borracha.
4) A maioria dos homens nunca entra de novo no seu veículo até que o abastecimento tenha sido completamente terminado. Essa é a razão porque os homens raramente estão envolvidos nesse tipo de incêndio.
5) Nunca use telefones móveis enquanto estiver abastecendo seu veículo.
6) São os vapores emitidos pela gasolina que causam incêndios, quando submetidos a cargas estáticas.
7) Houve 29 incêndios em que o(a) motorista entrou de novo no veículo e o bocal da mangueira foi tocado durante o abastecimento, isso tendo ocorrido em uma grande variedade de marcas e modelos. Alguns desses casos resultaram em danos significativos para o veículo, para o posto de gasolina, e para o consumidor.
8) Dezassete incêndios ocorreram antes, durante ou imediatamente após a tampa do tanque ter sido removida e antes que o abastecimento tenha sido iniciado.
O Sr. Renkes enfatiza a instrução de NUNCA entrar de novo no seu veículo durante o abastecimento.
No caso de haver uma necessidade absoluta de retornar ao seu veículo durante o abastecimento, nunca se esqueça de, após fechar a porta, TOCAR EM METAL, antes de retirar o bocal da bomba. Através desse gesto simples, estará descarregando a electricidade estática antes de remover o bocal.
Como mencionado acima, o Petroleum Equipment Institute, com muitas outras companhias, está realmente a tentar consciencializar todos quanto a este perigo. Você poderá obter maiores esclarecimentos acedendo
Solicito que, por favor, envie esta informação a TODA a sua família e amigos, especialmente aqueles que transportam crianças nos seus carros enquanto enchem os tanques de gasolina. Se isso ocorrer com eles, talvez não sejam capazes de tirar as crianças do carro em tempo de salvá-las. Grato por passar esta informação.
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Magda Galant François
Dr. INPL - Desenvolvimento de Processos
Laboratório de Siderurgia - LASID - UFRGS
Av. Bento Gonçalves, 9500
Tel.: 51 33167100
Cel.: 51 91123695
às
13:58
terça-feira, 21 de setembro de 2004
http://jornal.publico.pt/2004/09/19/EspacoPublico/O13.html
Timor Passou de Moda
Por ÁLVARO MANUEL DE ARAGÃO PEREIRA DE ATHAYDE
Domingo, 19 de Setembro de 2004
Timor passou de moda. Ouvi-o dizer em Dili, em Julho. Voltei a ouvi-lo dizer em Lisboa, em Agosto. Passou? Se calhar passou! E porque não passaria? O processo correu relativamente bem. A ONU está a desmontar a tenda. O que Portugal tem a fazer é desmontar também a sua. Até porque "aquilo" não interessa a ninguém, dizem. E só dá despesa, dizem. E é dinheiro deitado à rua, dizem. E é muito longe, dizem. E há outras prioridades, dizem. E o interesse nacional não passa por lá, dizem. E dá muita despesa, repetem. E é dinheiro deitado à rua, repetem. E se calhar até têm razão...
Mas dói-me! Dói-me porque os timorenses pedem muito pouco. Pedem a língua e quem a ensine. Só isso. Mas esse "só" para eles é imenso. É "só" a diferença entre a vida e a morte. Se voltarem ao bahasa são absorvidos pela Indonésia. Se passarem ao inglês são absorvidos pela Austrália. Só sobrevivem em português. Por isso o adoptaram. Por isso pedem professores portugueses. Eu ouvi o Primeiro-Ministro pedir professores portugueses. E o Ministro da Educação pedir o mesmo. E a Vice-Ministra da Educação também. E o Vice-Ministro da Defesa. E vários Deputados. E o Reitor da Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTiL). E vários professores timorenses da dita Universidade. E os meus alunos de Engenharia Informática. E os de Engenharia Electrotécnica. E alunos de outros cursos e outros professores. E pais de alunos. E pessoas que encontrava aqui e ali. Em Dili e nas montanhas. E um homem a quem, na zona de Ermera, perguntámos o caminho para umas certas lagoas. E com quem acabámos por ficar à conversa bem mais de uma hora. A propósito de um nicho com um Santo António de Lisboa que estava naquela bifurcação de caminhos. Tinha data de 1987 o nicho. Feito em
pleno período indonésio. Uma "questão de identidade" explicou o homem. Num português impecável. Os indonésios não nos deixavam falar português mas respeitavam a religião. E um antigo enfermeiro que, estando nós a visitar o Cemitério de Santa Cruz, nos veio explicar o que devia ser mais que muito manifesto que não percebíamos. Que aquela estranhíssima campa era uma vala comum. Onde tinham sido enterrados os corpos das vítimas dos massacres de Agosto de 1975. Os da UDT e os da FRETILIN. Tudo à mistura. E que ninguém sabia exactamente quem lá estava enterrado. Mas que aquela era, em Dili, a campa dos desaparecidos em Agosto de 1975. E que todos os que tinham tido familiares desaparecidos nessa época ali vinham pôr flores e velas. E que vinham todos. Os da UDT, os da FRETILIN, os da APODETI, os de coisa nenhuma. Tudo à mistura. Que se os mortos estavam à mistura não havia razão nenhuma para que os vivos o não estivessem também.
E perguntado sobre o que estava ele a fazer no cemitério lá nos disse que estava a fazer o funeral de um filho. E mais disse que queria mandar um recado para Portugal. Eu sou escuro e o senhor é claro. Mas somos o mesmo povo. Veja os nomes nas campas. São nomes portugueses. E eram. Os mais antigos que vi com datas de mil oitocentos e pouco. Somos o mesmo povo, disse. Mandem mais professores. Do que mais precisamos é de professores.
Os indonésios fizeram-nos muito mal. Não nos deixavam falar português. A juventude quase não sabe falar português. E isso é muito mau. Digam lá em
Portugal que mandem professores. Do que mais necessitamos é de professores. Este foi o recado. O homem estava a enterrar um filho. Nós estávamos a olhar para uma campa estranhíssima. Aproximadamente quadrada. Para aí com uns dois metros e meio de lado. Coberta por uma placa escura. Preta. Preto de queimado. Ao meio uma cruz com uns dois metros altura. Preta. Também de queimado. A placa coalhada de velas e de pétalas de flores. Velas acesas e pétalas frescas. Só fazia lembrar uma coisa hindu. Mas não podia ser. A nossa perplexidade deveria ver-se, ouvir-se, cheirar-se. E o homem largou o funeral do filho e veio explicar-nos o que aquilo era. E como tinha sido em 1975. E que o coronel médico não queria sair do hospital. Que não queria abandonar os doentes e os feridos. Que não queria ir para Ataúro. Que teve de ser levado debaixo de prisão. Disse o nome do médico mas eu não fixei. Aliás disse imensos nomes. De pessoas e de lugares. Bem mais que duas dezenas. Que a este tinha acontecido isto, tinha fugido para ali e tinha sido morto acolá. Que àquele tinha acontecido aquilo, tinha fugido para tal sítio e tinha sido morto naqueloutro. Histórias umas a seguir às outras. Todas muito semelhantes. Só diferiam no desfecho. Havia as do tipo "nome, fugiu para, morreu em" e as do tipo "nome, fugiu para, conseguiu escapar". Ele estava entre os que tinham conseguido escapar. Com uma perna partida e um tiro no peito. Mostrou a cicatriz.
No fim daquilo tudo ficaram os corpos. Nas casas, nos quintais, nas ruas, nos campos, nas ribeiras. Corpos por todo o lado. A apodrecerem e a serem comidos pelos cães e pelos porcos. E que depois os tinham recolhido a todos. Ou ao que deles restava. E que os tinham enterrado a todos. Ali. Tudo à mistura. E que agora lá iam aqueles a quem tinha desaparecido algum familiar nessa altura. Iam ali. Porque ali estavam todos. Tudo à mistura. E que se os mortos estavam à mistura os vivos também podiam estar. E que tinha um recado para Portugal. E que o recado era que mandassem professores.
E agora dizem-me que Timor passou de moda e que mandar professores é muito caro. Quanto custa mandar um professor para Timor? Cem contos mês? Quinhentos contos mês? Mil contos mês? Cem parece-me claramente pouco. Mil parece-me claramente muito. Vou raciocinar na base dos quinhentos. Quinhentos por mês dá sete mil por ano. Por professor. Se forem cem professores dá setecentos mil contos por ano. Se forem mil professores dá sete milhões de contos por ano. Trinta e cinco milhões de euros. É muito dinheiro? Para mim é! Nunca na vida vi sete milhões de contos. Nem trinta e cinco milhões de euros. Nem espero vir a ver. Assustava-me! E para o Estado? Será que para o Estado trinta e cinco milhões de euros é muito dinheiro? Será que Portugal não tem capacidade financeira para pôr em Timor mil professores por ano? Durante, por exemplo, dez anos? Tem? Não tem? Não sei. Mil professores chegam? É pouco? É muito? Não sei. Dez anos chegam? É pouco? É muito? Não sei. Mas uma coisa sei! Deram-me um recado. Um recado que, parece-me, não é de uma, de duas, de três pessoas. Um recado que, parece-me, é de todo um povo. E o recado é "Mandem professores."
Professor FUP/UNTiL nos Quartos Bimestres de 2002/03 e 2003/04
às
12:11
segunda-feira, 6 de setembro de 2004
domingo, 5 de setembro de 2004
Esta escola, à semelhanca de muitas, nao têm Biblioteca.
Tem apenas uma estante, na sala dos professores, na qual se encontram apenas livros em inglês oferecidos pela Austrália.
Os únicos livros em português são os manuais escolares e gramáticas de português que foram fornecidos às escolas.
Já perceberam o que eu quero? Gostava montar uma biblioteca naquele espaço.
Será que alguém tem por aí alguns livros, de preferência livros literatura infantil/juvenil, manuais escolares de várias disciplinas, entre outros, como revistas e jornais que ja não vos façam falta?
Se tiverem enviem-nos, por favor. Decerto que vão ser muito úteis aos nossos alunos e às escolas timorenses.
Se estiverem dispostos a contribuir aqui vai o nosso endereço:
Embaixada de Portugal em Dili
A/c Professora Ana Medeiros - Dili
Edificio ACAIT
Avenida Nicolau Lobato
Dili
Timor Leste
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Obrigado aqueles que puderem ajudar.
Chrys CHRYSTELLO,
An Australian in Portugal -
chryschrystello@journalist.com ; drchryschrystello@sapo.pt;
http://oz.com.sapo.pt
às
15:37
quarta-feira, 1 de setembro de 2004
Casa em construção
É o título do novo blog da autoria de João Moreira Pinto, médico voluntário da AMI em Timor. Embarca no próximo dia 8 de Setembro e promete ir dando conta da sua experiência por terras do sol nascente, em forma de "diário de bordo"; já publicou o plano de voo (dois dias, teve sorte), links e documentos de interesse, alguns textos cheios de expectativa e curiosidade.
Este é o meu (quase) diário em Timor Leste, um País em construção. Histórias de uma viagem a Dili como médico voluntário da AMI. Por aqui vão passar os preparativos, os pensamentos, as aventuras, os medos e demais coisas que em cada altura considere importante registar.”
O endereço é http://joaompinto.blogspot.com/.
Boa sorte, Doutor! Cá esperamos as suas notícias!
às
19:11