quinta-feira, 29 de agosto de 2002

Imunidade de Díli a tropas dos EUA face ao TPI


Timor-Leste assinou um acordo bilateral com os EUA comprometendo-se a dar imunidade a soldados americanos contra qualquer acusação feita pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). O acordo foi criticado por Organizações Não Governamentais, entre elas a Rede de Acção para Timor-Leste (ETAN), americana. «Estamos profundamente perturbados e irritados por os EUA terem pressionado Timor-Leste a dar isenção às tropas americanas face ao TPI», disse John Miller, porta-voz da ETAN, que recorda o facto de os timorenses terem sofrido "enormemente" durante a ocupação ilegal apoiada pelos EUA.

in Diário de Notícias, 29.08.02, pg.15

segunda-feira, 26 de agosto de 2002

Flash


Mais uma vez se faz notar aos visitantes que a tremenda "falta" de animação, quiçá algum cinzentismo, nas páginas do Sítio de Timor, se deve a duas ordens de razões: primeiro, a opção inicial pelo privilégio dos conteúdos em detrimento dos "embrulhos"; segundo, porque as coisas "muita giras" são feitas com um programa chamado "Flash" e, para adquirir este (ou qualquer outro), é necessário aquilo que se utiliza para comprar melões. E já sabemos que o Estado Português acha que este site não se qualifica para qualquer espécie de financiamento; o mesmo pensam alguns empresários da nossa praça. Enfim, não haverá necessidade de fazer um desenho para explicar: este site não tem coisas "muita giras" porque não tem meios. Faz-se o que se pode.
E o possível é, desde o princípio, a opção por "software" legal e... grátis. Uma empresa australiana disponibiliza um programa de HTML puro e duro. O Sítio de Timor é quase integralmente produzido com esse programa, o 1st Page 2000.
Evidentemente, não façamos o número do lobo e das uvas (estão verdes, não prestam); se alguém me me oferecer o Flash, legal, agradeço; e terei o maior gosto em mudar o aspecto do site, um bom bocado, até porque já vai sendo tempo. Enquanto isso não acontecer, tenham lá paciência.
Obrigadinho.

click no logotipo para "download" do 1st Page 2000, version 2.0 free


CATTL


Acabei de constatar, por mero acaso, que está on-line o site do Comissário para o Apoio à Transição em Timor-Leste.
Será com certeza um milagre. Mea culpa, mea maxima culpa. Como diabo me terá escapado isto? Bruxedo, é o que é. Procurando todos os dias, na WWW, tudo o que a Timor diz respeito, e logo havia de falhar neste importante e utilíssimo link!
É certo que a página não tem lá muitos conteúdos e, não referindo em parte alguma qualquer pista sobre a data em que foi criada, não será agora, terminado o período de transição, que se tornará imprescindível para os assuntos de Timor; isto, evidentemente, no caso de a página do comissário ter sido apenas muito recentemente colocada "em linha". Porque se, ao contrário, já lá está há muito tempo, então os motores-de-busca, os "webmaster" dos sítios sobre Timor, os moderadores de "newsgroups", as entidades oficiais envolvidas e, em primeira análise, eu próprio, merecemos umas quantas palmatoadas.
O Decreto-Lei nº 155, de 3 de Junho de 2002, extingue o cargo de comissário para o apoio à transição de Timor-Leste; pode conferir isto AQUI.
De facto, há nisto tudo alguma coisa que me escapa. Pelos vistos, não apenas a nova "URL".

domingo, 18 de agosto de 2002

Fracasso?


ABEL COELHO DE MORAIS

"A nossa independência não servirá de nada se o povo de Timor-Leste continuar a viver na pobreza e em situação difícil." As palavras de Xanana Gusmão, proferidas a 20 Maio, ganham novo significado à vista do incidente de Becora e das insuficiências do Estado timorense reveladas por este acontecimento. Foi já dito que o mais recente membro da comunidade internacional nasceu em circunstâncias especiais. A ONU, mais Portugal e a Austrália, entre outros, acompanharam o processo e têm injectado importantes somas no território para a formação de quadros e criação de infra-estruturas. Procura-se criar consensos sociais que permitam à população superar erros do passado e também da ocupação indonésia. Mas basta observaro ambiente nas imediações da prisão (ver texto ao lado) e as atitudes de diferentes membros do que se convencionou chamar a "liderança timorense", desde as presidenciais aos recentes julgamentos em Jacarta, para perceber que o "ambiente de laboratório", em que nasceu o novo Estado, pode revelar-se insuficiente para responder aos desafios que se lhe colocam.
Embora possa parecer extemporâneo referir o cenário de "fracasso de um Estado", nos termos em que o define Robert I. Rotberg (Foreign Affairs,Julho-Agosto), no que respeita a Timor convém ter presente o seguinte: persistem tensões internas, políticas e sociais; a língua oficial é o português, mas predomina a língua indonésia e o dialecto veicular local, o tétum - todavia, os documentos oficiais são em português (South Morning Herald, 16-08-2002); os indicadores económicas continuam a caracterizar o novo Estado como subdesenvolvido, com um magro rendimento per capita, elevada taxa de iliteracia, problemas de subnutrição e elevado desemprego.Por último, persiste um estado de anomia - arma de resistência à ocupação indonésia mas que, como já foi referido pelos bispos timorenses, bloqueia a integração e o compromisso social entre a população e constitui por si só factor de desagregação e crise. Ou seja, estão presentes muitos dos factores que, na classificação de Rotberg, podem conduzir ao fracasso de um Estado, a não serem rectificados. Nesta interpretação, o incidente de Becora pode valer como oportuno sinal de alarme.
in Diário de Notícias, 17.08.02, pág.9


terça-feira, 13 de agosto de 2002

Estudantes portugueses ensinam em Timor


Instituto Camões lança projecto-piloto


Promover a língua e a cultura portuguesas junto dos jovens de Timor-Leste, entre os 14 e os 17 anos, é o grande objectivo da acção promovida pelo Instituto Camões, em parceria com o Instituto da Cooperação Portuguesa (ICP) e com o Instituto Português da Juventude (IPJ).
O projecto-piloto iniciado este ano vai levar 20 formadores portugueses a Timor-Leste, como salientou a O DIABO Maria José Stock, presidente do Instituto Camões. Alguns deles já estão no terreno, preparando as acções a realizar.
São estudantes universitários (nalguns casos recém-licenciados) que, depois de terem recebido um mês de formação em Lisboa, vão deslocar-se a Timor-Leste para desenvolver actividades de carácter lúdico em áreas diferenciadas que englobam a língua portuguesa, a jovens da faixa etária que não foi formada no ensino do Português. O número de formandos poderá atingir os quatro mil.
«Esta é uma acção que promove também um intercâmbio que potencia o próprio mundo lusófono», refere Maria José Stock, que sublinha o patrocínio da Portugal Telecom, que financia a quase totalidade do projecto. O IPJ contribui com verbas de um projecto próprio e com o pagamento das bolsas aos formadores que vão estar em Timor-Leste.
O Instituto Camões tem a cargo a formação que foi dada aos jovens estudantes portugueses e o Instituto da Cooperação Portuguesa os custos da equipa de dois formadores/orientadores.
O custo total do projecto ronda os 50 mil euros.

Projectos a desenvolver nos PALOP...


O projecto envolve também os apoios de diversas organizações não-governamentais (ONG), federações desportivas, Escola Superior de Teatro e Cinema e a Fundação para a Divulgação das Tecnologias da Informação.
Uma equipa de formadores (cinco elementos) vai ficar em Díli e a outra em Manatuto.
Esta acção poder-seá estender aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, já no próximo ano, segundo Maria José Stock. Tudo vai depender das conclusões deste projecto-piloto a decorrer em Timor-Leste.
Os formadores portugueses que vão aproveitar a pausa lectiva para encetar acções de formação no âmbito da cultura e da língua portuguesas regressam a Lisboa no final de Setembro.
Música, Português, Teatro, Desporto e Informática constituem as áreas que vão ser ministradas durante a formação. O governo português aposta desta forma no desenvolvimento, na compreensão e na apetência pela língua portuguesa a um segmento de timorenses que não tiveram praticamente formação nesta área.
Segundo a presidente do Instituto Camões, a cooperação portuguesa continua a considerar Timor-Leste uma prioridade.

Aventura e ensino


Luís Santos, 28 anos, actor efectivo do Teatro da Cornucópia, é um dos formadores que já estão em Timor-Leste.
Encontra-se em Díli e afirma que a «brincar e a jogar é possível ensinar estes jovens a compreenderem melhor a nossa língua e a nossa cultura».
As actividades começam hoje e Luís Santos conta com um grupo de mais de 60 jovens, entre os 14 e os 17 anos, para ensinar os «costumes» e a língua de Camões a um povo carenciado e «ávido de aprender».
O que levou este actor de carreira a Timor-Leste foi a curiosidade de ver in loco um território e um povo que «tocaram tanto os sentimentos do povo português».
A iniciativa lançada pelo Instituto Camões é encarada como uma «aventura». Uma nova experiência, que levou Luís Santos a cancelar a sua participação nas peças teatrais previstas para Setembro, em Lisboa.
«Por ser pioneira, esta iniciativa cativou-me muito», explica o actor.
Ensinar teatro a jovens que ainda não dominam uma das línguas oficiais do seu país é um grande «desafio».
As actividades vão desenvolver-se através de jogos dramáticos, interligadas com as áreas do Desporto e do Canto. Vão ser também concretizadas acções de dança e de folclore português, juntamente com as danças e cantares típicos de Timor.

Espírito de missão


Luís Santos está em Timor para ensinar e «aprender». É voluntário. E o que o moveu foi o «espírito de missão, que nos envolve a todos na causa deste país». «Acompanhamos com muita emoção o percurso deste povo, da luta efectuada em língua portuguesa. Isso sensibilizou-me e nunca seria por motivos financeiros que aceitaria este projecto», sublinha o actor da Cornucópia. A apresentação final, em Setembro, contará com a encenação da «Lenda do Crocodilo», para além de textos de Xanana Gusmão e de outros autores timorenses.


Caixa de chamada

«Férias em Português» é uma acção promovida pelo Instituto Camões e tem por objectivo aproveitar a pausa lectiva dos estudantes para ensinarem língua e cultura portuguesas em Timor-Leste. As actividades começam hoje. Os PALOP podem ser abrangidos já no próximo ano.
Legenda de fotografia

Maria José Stock aposta nas capacidades dos estudantes portugueses para levarem a nossa língua e cultura aos jovens de Timor-Leste

Publicado em O DIABO nº 1337, 13.08.02, página 17



Comentários


1. Não tive qualquer conhecimento sobre esta iniciativa do IC. Procurando bem, e é de facto necessário procurar muito bem, naquele site institucional, existem umas referências a este assunto. Mas não vejo qualquer aviso, abertura de concurso ou seja o que for que pudesse interessar aos visitantes do "Sítio de Timor". Admito que possa eu próprio, ainda assim, ter procurado mal, ou pouco.
Para quem trabalha todos os dias com o assunto "Timor", devo reconhecer que, desta vez, falhei?
2. Interessaria saber como se processou esta iniciativa. Foi feita alguma selecção de candidatos? Ou foi por convite? Existiu processo de selecção? E quais foram os critérios? Onde estão os documentos legais que suportam, ou deviam suportar, este tipo de iniciativas oficiais?
3. Sobre o conteúdo da peça jornalística:

  • O que tem um actor profissional, "28 anos", apresentado como exemplo e ilustração, a ver com um estudante universitário?

  • Afinal, são estudantes ou recém-licenciados? E, destes, quantos?

  • Se o "projecto" é financiado pela Portugal Telecom, pelo ICP, pelo próprio IC, e envolve também os apoios de diversas organizações não-governamentais (ONG), federações desportivas, Escola Superior de Teatro e Cinema e a Fundação para a Divulgação das Tecnologias da Informação, e existem ainda "bolsas", pagas pelo IPJ, para os "formadores", isto é voluntariado... bem pago?

  • «Esta é uma acção que promove também um intercâmbio que potencia o próprio mundo lusófono», refere Maria José Stock.
    Seria possível traduzir esta frase?

  • As actividades previstas, como "formação", incluem Música, Português, Teatro, Desporto e Informática. Música? Desporto? Repito a segunda pergunta, por me parecer mais extraordinária: desporto???

  • O governo português aposta desta forma no desenvolvimento, compreensão e a(*) apetência pela língua portuguesa a um segmento de timorenses que não tiveram praticamente formação nesta área (*?).
    Como? Desculpe? Entre os 14 e os 17 anos, jovens timorenses que não tiveram aulas de Português? Deve ser engano. Só pode.

  • "Espírito de missão". Nunca ninguém me explicou o que diabo vem a ser isso. Será talvez uma lacuna minha. Estive em Timor e dei aulas o melhor que pude e soube, com o máximo profissionalismo; o meu trabalho diário sobre Timor é feito apenas porque sim, e espero que vá servindo para alguma coisa. Não me interessam as grandiloquências para nada. Ao que sei, aos timorenses muito menos.

  • Em Setembro de 2000, conheci em Díli um professor destes, de Verão. Tinha uma turma o mais heterogénea e pitoresca que imaginar se possa; usava um típico chapéu colonial, mas notava-se a sua dedicação, até pela forma como suava abundantemente enquanto dirigia os alunos, à maestro; cantaram o "Malhão-malhão", a "Laurindinha", o "mestre André" e outras conhecidas pérolas da Cultura portuguesa. Os timorenses gostam muito de cantar.




quinta-feira, 8 de agosto de 2002

Voluntários UN


Nos últimos tempos, e nomeadamente desde a última cimeira da CPLP, no Brasil, muitos visitantes perguntam como hão-de ir trabalhar para Timor.
De entre as inúmeras páginas de organizações no âmbito Organização das Nações Unidas, existe a "UN Volunteers (vacancies)". Aqui é possível saber, em cada momento, que vagas estão disponíveis e quais as condições; existe mesmo um formulário para inscrição "on-line".
O endereço é http://www.unvolunteers.org/volunteers/unvvacs/index.htm. Ou click no logotipo.

vagas para voluntários da ONU

Foto da semana


Como os visitantes deixaram de enviar fotos para o site, se calhar devido à "silly season" que atravessamos, terminará provavelmente aqui esta rubrica. E para fechar, em vez de fotografia vai "cartoon". Dedicado a quem já fez o voo Londres-Singapura.





quarta-feira, 7 de agosto de 2002

Dossier Lusomundo


Online em tsf.sapo.pt, um histórico muito completo da História recente de Timor-Leste.
Click na figura.